Microcrédito tem recorde e supera os R$ 2 bilhões

segunda-feira, 3 de maio de 2010

 Elizete Maria da Conceição colocou em prática uma ideia que não saia de sua cabeça: transformar a macaxeira, como é conhecida a mandioca no Nordeste, em fonte de lucros. Elizete fazia bicos raspando a raiz na propriedade de terceiros e acreditava que podia dar um fim mais rentável a mandioca que o marido plantava numa gleba dividida com os irmãos. Como não sabia por onde começar, procurou a Acreditar, uma ONG especializada na organização de pequenos empreendimentos e na concessão de microcrédito orientado. Com a ajuda da entidade, montou um plano de negócio, fez um microfinanciamento de R$ 1 mil e mobilizou o marido, a irmã e os sobrinhos (um deles então desempregado) para implantar uma pequena empresa especializada na fabricação de massa de mandioca.
Hoje sete pessoas da mesma família vivem da atividade na pequena cidade de Glória do Goitá, zona da mata de Pernambuco. Excluindo todas as despesas (inclusive o salário acertado com cada membro da família), o lucro mensal oscila na casa dos de R$ 4 mil, que são reinvestidos na empresa. Nem um centavo do dinheiro vai para o bolso de Elizete e seus parentes. Parte do capital já financiou a compra de uma Kombi, que facilita a entrega do produto aos clientes. Agora, a família está se estruturando para fazer uma expansão. “Vendemos tudo e, se produzíssemos mais, teríamos para quem vender”, diz Elizete. “Isso me deixa muito feliz: acreditamos numa ideia e ela deu certo. Agora, vivemos um pouco melhor: no final de semana, podemos ir numa pizzaria, de vez quando, também vamos à praia.”
A ONG Acreditar, Elizete e sua família fazem parte do grupo que sustentam a expansão de um novo segmento das finanças dentro do Brasil: o microcrédito. Como o próprio nome explica, trata-se do empréstimo de pequenas quantias para a criação de negócios igualmente pequenos: a venda bolos, o plantio de hortas, a produção de estamparias. No ano passado, o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo do Ministério do Trabalho, que concentra as operações no segmento, contabilizou a concessão de R$ 2,3 bilhões, um valor recorde que representa quase o dobro dos recursos liberados no ano passado.
O desempenho pode ser atribuído ao crescimento desse mercado no Nordeste. Em número de estados representados, a região não chega a ter maioria dentro do progama. São oito em um total de 22. No entanto, são os nordestinos que se destacam. Mais de 70% dos tomadores do programa vivem na região. No começo de 2009, os empréstimos liberados no Nordeste representavam cerca de 60% de o total de operações. No último semestre do ano, essa participação havia subido para 66%.
Em parte, as mudanças econômicas justificam essa liderança. A classe C tem sido a grande beneficiada pelo crescimento vivido na região. As classes D e E, ainda excluídas do mercado formal, buscam alternativas para aproveitar o momento e encontram no microcrédito uma alternativa . Hoje esse segmento da indústria financeira é considero um dos mais eficientes para a erradicação da pobreza. “Com o microcrédito orientado ao empreendedorismo, pequenas quantias não apenas financiam o trabalho e geram renda”, diz Jerônimo Ramos, superintendente de Microcrédito do Santander, que adquiriu o ABNAmro, este último um dos primeiros grandes bancos instalados no Brasil a trabalhar com o microcrédito. “Onde antes havia falta de perspectiva, cria-se um circulo virtuoso de crescimento que se espalha pela economia.”

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