O presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Gabriel Maranhão, descartou a possibilidade da aplicação de multas por desperdício de água por parte das prefeituras. Em reunião realizada ontem, ele afirmou que a medida seria injusta. “A população economizou, ou seja, é imprudente essa multa porque a maioria está fazendo a sua parte. O principal não é encontrar culpado para penalizar, mas sim conscientizar”, disse o prefeito de Rio Grande da Serra ontem, na primeira reunião do ano entre os líderes da região.
No entanto, a medida só vale para as cidades que têm autarquia municipal de água, já que São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e a própria Rio Grande da Serra de Maranhão têm como gestora do saneamento a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), com autonomia na questão.
A reunião de ontem também designou o secretário de Meio Ambiente de São Bernardo, João Ricardo Guimarães Caetano, para representar a região no Comitê de Enfrentamento à Crise Hídrica, do governo do Estado. Segundo ele, ainda não foi definida data para o encontro. “Existia indicativo de que essa reunião seria na semana que vem, mas não temos confirmação.”
O Diário procurou a Sabesp, que informou, às 19h16 de ontem, que a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos seria indicada para responder sobre a data da reunião. No horário, não havia ninguém disponível para comentar o assunto na Pasta.
Segundo Caetano, no primeira encontro os prefeitos pedem três itens ao governo do Estado e à Sabesp. “Queremos um comitê de crise em que as prefeituras tenham autonomia para efetivamente ajudar de alguma forma. Também cobramos a existência de plano de gerenciamento que apresente como a Sabesp irá lidar com a falta de água, se vai haver rodízio e, nesse caso, como ficariam escolas e hospitais, por exemplo. E pedimos que apresentem à população campanha de esclarecimento sobre a gravidade da situação.”
A Sabesp informou que está em andamento diagnóstico de todas as escolas municipais, UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e hospitais de São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, nas quais a companhia é gestora do saneamento. O objetivo é identificar o perfil de consumo de cada local, bem como as instalações internas (reservatórios, ramais internos de distribuição, equipamentos hidráulicos etc). A conclusão está prevista para o fim deste mês.
A partir daí, será traçado plano de contingência para garantia do abastecimento desses equipamentos em conjunto com as secretarias de cada município. O plano final envolve serviços internos nos equipamentos hidráulicos das edificações e prioridade do abastecimento de água pela Sabesp.
No caso dos hospitais, serão realizadas ligações diretas com as adutoras, integrando-os diretamente ao SIM (Sistema Integrado Metropolitano).
Maranhão e Caetano também manifestaram preocupação em relação ao volume que será retirado da Billings para envio aos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga quando da conclusão das obras para tal fim. Segundo eles, o total retirado, somado ao que abastece a região, resultaria em 16 m³/s, mas a capacidade do manancial é de 15 m³/s. “A gente fica preocupado porque bombear água do Rio Pinheiros para atender esse deficit parece ser a única solução. E sabemos que essa água está poluída”, disse Maranhão. A Sabesp afirmou que irá detalhar a obra assim que o projeto for concluído, mas garantiu que o Grande ABC não será prejudicado.

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