A morte do universitário Bruno Felipe Rodrigues de Souza, 23 anos, baleado na madrugada de 24 de abril depois de uma briga de trânsito no bairro Jardim, em Santo André, levantou a discussão sobre os excessos cometidos por jovens ao voltarem de festas e casas noturnas. Após uma fechada, Bruno seguiu o carro do comerciante Rafael Romão Mota, 21, até a Rua das Cerejeiras, onde Rafael teria atirado em Bruno.
A gritaria e as ameaças trocadas pelos grupos dos dois jovens antes dos disparos não são novidade para quem mora na rua onde o crime aconteceu. "Todo fim de semana é a mesma coisa", diz um aposentado que não quer se identificar. "É um tal de ‘vou te matar'' que você não faz ideia. Tanto que a gente achou que, naquele dia, era só mais uma discussão."
As noites de quinta, sexta-feira e sábado deixam um rastro de brigas, barulho e sujeira em vias do bairro Jardim que, como a Rua das Cerejeiras, ficam próximas à Rua das Figueiras, ponto de concentração de bares e casas noturnas. "No final de semana, ninguém consegue dormir", desabafa a estudante Cátia Takato, 33, que vive na Rua Padre Vieira.
As travessas da Figueiras se transformam em estacionamento. Na saída das festas, alguns motoristas, já embriagados, arrancam em alta velocidade, cantam pneus ou provocam fechadas em outros carros. "Depois que está com duas cachaças na cabeça, o cabra só faz besteira", resume o vigilante Donizete Velozo, 52.
Uma das besteiras que mais irritam o vigia é a música no último volume que sai de alguns carros. Mas os jovens também circulam a pé. Embora bares cobrem até R$ 15 para entrar, não é preciso ter dinheiro para se divertir, segundo o estudante Rodrigo Antunes, 18, que estava na rua sexta-feira à noite com quatro amigos. "A gente vem aqui dar rolê só", garante.
É comum ver jovens, alguns até menores de idade, carregando garrafas plásticas com mistura de vodka e refrigerante ou suco em pó. Os ingredientes são comprados em mercados ou padarias do entorno. Quem quiser, pode consumir as bebidas vendidas irregularmente em barracas. "Tenho bombeirinho, piper, rabo de galo. Tá saindo R$ 3 o copo", diz um vendedor.
Na manhã seguinte, resta aos vizinhos recolher garrafas de vidro, algumas quebradas, e copos de plástico das sarjetas. "O pior é quando usam a calçada da gente como penico", reclama a aposentada Ione Balbassian, 63 anos, moradora da Rua das Goiabeiras. "Se o pessoal não abusasse, essas baladas deles não iam incomodar tanto", diz.
Prefeitura e polícia prometem fazer operação conjunta
Prefeitura e Polícia Militar prometem fazer operações na Rua das Figueiras ao longo do ano para combater poluição sonora, infrações de trânsito e venda irregular de bebidas e alimentos. Blitz semelhante feita em 27 de fevereiro terminou com a aplicação de 147 multas a motoristas e a apreensão de sete barracas de vendedores ambulantes.
"Vamos continuar trabalhando junto (com a Prefeitura) para atender a essa demanda da população. Segurança pública não é só polícia", afirma o coronel José Luís Martins Navarro, comandante do CPA-M/6 (Comando de Policiamento de Área Metropolitano 6), responsável pela Polícia Militar no Grande ABC.
Além dos policiais, as operações devem contar com guardas civis municipais, funcionários do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), do Craisa (Central Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), da DCurb (Departamento de Controle Urbano) e do Departamento de Trânsito.
Moradores que queiram reclamar de excesso de ruído devem ligar para o telefone 115. O Semasa informou que atende aos chamados em até 3h30 e que, após a medição do nível de ruído, pode aplicar multa que varia de R$ 355,50 a R$ 2.133,00
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